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Segunda Turma afasta exigência de recolhimento duplo de custas
A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho determinou que o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) julgue recurso das empresas Quero-Quero S/A e Consórcio Quero-Quero Ltda., cuja análise havia sido rejeitada por suposta falta de pagamen
A Segunda Turma do Tribunal Superior  do Trabalho determinou que o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS)  julgue recurso das empresas Quero-Quero S/A e Consórcio Quero-Quero Ltda., cuja  análise havia sido rejeitada por suposta falta de pagamento das custas  processuais (deserção). As duas empresas recorreram juntas ao TRT/RS, mas  fizeram apenas um recolhimento de custas processuais. O recurso ordinário foi  declarado deserto, e a questão chegou ao TST por meio de recurso de revista.  
Segundo o relator do caso, ministro José Simpliciano Fernandes, se houve  condenação solidária, pouco importa qual dos liticonsortes pagou as custas  fixadas na sentença, ainda que no TRT se esteja pleiteando a exclusão de um  deles do processo. O relator lembrou que a finalidade das custas não se confunde  com a do depósito recursal. “No caso dos autos, não há dúvidas de que as custas  foram pagas integralmente e que se referem ao presente processo. Por isso, a  exigência do TRT foi descabida e cerceou o direito de defesa dos recorrentes”,  disse o relator. 
O TRT/RS rejeitou (não conheceu) o recurso em peça  única em razão da deserção, tendo em vista que a sentença reconheceu a  responsabilidade solidária entre as empresas, que têm CGC e objeto social  diversos. Além disso, seus interesses são conflitantes, já que o Consórcio  Quero-quero busca sua exclusão da lide diante da prescrição aplicável ao alegado  primeiro contrato. Segundo o TRT/RS, como as empresas apresentaram apenas um  recolhimento, não foi possível verificar qual das duas cumpriu o requisito do  preparo, o que levou à rejeição do apelo em relação às duas empresas. 
No  TST, as empresas argumentaram que a apresentação de apenas uma guia de  recolhimento de custas não deve acarretar deserção, uma vez que as custas foram  pagas em sua integralidade, em total observância ao valor fixado na sentença,  tendo alcançado seu objetivo. O recurso foi acolhido com base no dispositivo  constitucional segundo o qual “aos litigantes, em processo judicial ou  administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a  ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. De acordo com o relator,  “o princípio consubstanciado no artigo 5º, LV, da Constituição compreende a  defesa mais abrangente e ampla possível, cujo cerceamento infundado é  inaceitável”. (  RR 239/2005-751-04-00.0) 
(Virginia Pardal)