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Deputados buscam lei definitiva quanto à redução da jornada de trabalho
A composição da comissão especial sobre a redução da jornada de trabalho (PEC 231/95) será completada no dia 10 de fevereiro, quando serão escolhidos os seus três vice-presidentes.
Karin Sato
A composição da comissão especial sobre a redução da jornada de trabalho (PEC 231/95) será completada no  dia 10 de fevereiro, quando serão escolhidos os seus três  vice-presidentes.
No mesmo dia, o presidente do colegiado, deputado Luiz  Carlos Busato (PTB-RS), espera definir a pauta de discussões e as pessoas que  serão ouvidas em audiências públicas. O relator dos trabalhos será o deputado  Vicentinho (PT-SP).
Busato considera "inevitável" que os debates sejam  afetados pela crise financeira mundial, de acordo com informações da Agência  Câmara. Entretanto, ele acredita que esse fator terá influência limitada, pois a  comissão pretende elaborar uma lei "definitiva", no lugar de apenas dar uma  resposta a um período crítico.
"A redução da jornada de trabalho vem  sendo discutida há muito tempo, não é fruto da crise. Por isso, temos de saber  diferenciar o momento atual de uma legislação que deve ser para toda a vida",  ressaltou.
Emprego e crise
Entre as entidades que serão  ouvidas, está a CNI (Confederação Nacional da Indústria), que considera que a  crise impede o atendimento à proposta das centrais sindicais de diminuição da  jornada com preservação dos níveis de salário, pois isso provocaria aumento  linear de 10% no custo do trabalho, afetando todas as empresas,  independentemente de porte, setor ou região.
Segundo o presidente da CNI,  deputado Armando Monteiro (PTB-PE), a alternativa para permitir a retomada da  geração de postos de trabalho é a desoneração dos encargos trabalhistas, além do  próprio crescimento econômico.
Opinião  de sindicalista
No último dia 7 de novembro, no entanto, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) aprovou uma resolução  que contraria a posição da CNI, reivindicando a "redução constitucional da carga  máxima de trabalho para 40 horas semanais, sem redução dos salários e com  limitação das horas-extras", como uma alternativa para enfrentar a  crise.
O presidente nacional do sindicato, Artur Henrique, rebate, em  artigo publicado em maio, a tese de que a diminuição da jornada diminuiria a  competitividade da indústria brasileira, prejudicando as exportações do  País.
"É mentira", diz Artur Henrique, argumentando que nem o Fórum  Econômico Mundial de Davos considera os baixos salários como fator positivo na  hora de medir a competitividade de uma economia nacional. A favor da redução da  jornada, segundo ele, falam os números do trabalho no Brasil. Nos últimos 15  anos, a produtividade da economia brasileira cresceu  150%, segundo tese de doutorado do economista Cássio Calvete.
"Há,  portanto, uma enorme camada de gordura no item competitividade", observa Artur  Henrique, sustentando que o corte da jornada em quatro horas elevaria os custos  da mão-de-obra em apenas 1,99% - índice semelhante à elevação que a  produtividade vem registrando, por semestre, ao longo dos anos 2000. "Isso quer  dizer, simplesmente, que esse custo seria absorvido em apenas seis meses",  conclui.